Velásquez transcendeu o âmbito do estilo dominante da época. O barroco. Em meio à pompa decadente da corte espanhola, sua arte inovadora colheu o drama humano num estudo de contrastes. Retratava o cotidiano da época, desde cenas de cozinha e tavernas às cenas das famílias reais, destacando os fatos sociais da época, buscando assim uma reflexão maior do que o rodeava.
No meu trabalho, busquei usar recortes e utilizar a colagem sobre a tela de Velásquez, para retratar a situação atual. Na obra de Velásquez, a princesinha assume um papel da menina comportada, educada para exercer seus dotes como esposa e princesa. Aqui retrato a criança dos tempos atuais, mais ativa, mais livre e independente. Da mesma forma, como adulta, a criança-mulher passa a ter uma visão diferente do mundo. Passa a ser agente do seu caminho, não mais sendo preparada apenas para ser uma “dona de casa”. O camareiro da casa, passa a ser substituído pelos livros que representam hoje o conhecimento, o estudo, a sabedoria, a fé raciocinada. Por estar localizado na porta, representa as escolhas que tomamos que destaquei no recorte da frase: Identidade e Autonomia. A igreja que exercia na época o poder econômico e político é substituída em nosso século pelo dinheiro que representa o poder e o abuso econômico, guiando pessoas, caminhos e vidas, representa aqui a desigualdade social. O rei e rainha, representantes da nobreza, tão em destaque na obra original são substituídos pelo computador, que representam a mídia, a propaganda, a Internet, os meios de comunicação em geral que manipulam e escravizam a sociedade. Em vez dos anões que serviam de lazer e diversão a família real, surge o robô, representante da era tecnológica que diverte e envolve nossas crianças hoje em dia, de forma artificial, sem vínculos afetivos. Na verdade, muitos de nós parecem meio robotizados. No fundo, onde estavam obras de autores famosos, retratados por Velásquez, há uma manchete de jornal informando sobre os escândalos políticos da época, ou seja, dos famosos corruptos de nossa política, pintores que fazem outro tipo de “arte”. A imagem de uma mulher em forma de cartão de crédito representa todas as sociedades consumistas e supérfluas de nossa atualidade, que consome por consumir, que é individualista e se mantém pelas aparências. O avião ao fundo mostra a progresso nos meios de transporte, mas também revela o caos aéreo. No lugar do cachorro, o melhor amigo do homem, está o relógio, que aqui identifica o tempo como melhor amigo e senhor do homem do século XXI. Velásquez em minha leitura está sem rosto. Por quê? Porque nós somos os artistas, autores, pintores de nossas próprias vidas.
2 comentários:
Nossa, Gio!
Que releitura linda!
Adorei!!
Beijos.
É o meu lado meio Joana D'Arc...
Revendo posturas, condutas....
Bjs.
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